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domingo, agosto 31, 2008

Katsouranis castra ambições do Benfica

SL Benfica 1 - 1 FC Porto



Ontem viveu-se um grande ambiente no Estádio da Luz, digno de clássico. Para se colocar pressão do lado do Benfica, tentou vender-se a ideia que o campeonato estaria em risco logo na segunda jornada. Nada de mais errado: nem ninguém perde um campeonato à segunda jornada, nem ninguém ganha um campeonato com seis pontos em dois jogos. Enfim.

O Benfica começou bem, mandando no jogo durante os 5' iniciais. Depois, o Porto equilibrou, como seria de esperar. Jesualdo mostrou muitas caras novas (Rolando, Tomás Costa, Fernando, Sapunaru e, mais tarde, Candeias), e Quique respondeu com uma equipa moldada para o ataque, com umas alas rápidas (em teoria) compostas pelos estreantes Reyes e Di Maria. A titularidade caiu-se-lhes dos céus.

Ao evitar um embaraço no meio campo, o treinador do Benfica insiste num equívoco que já se arrasta desde a época passada - Katsouranis só deve jogar a central como medida de recurso. Algumas atitudes mais impetuosas, mal pensadas, inconsequentes e reveladoras de falta de rotina do grego acabaram por castrar as ambições do Benfica. Primeiro, no penalty que deu um jeitão ao Porto, numa jogada que provavelmente não "daria em nada"; depois, ao ceifar as pernas a Rodriguez (numa falta que seria adjectivada de "inteligente", não estivesse o central "amarelado") logo após o golo de Cardozo.

A bola fervia nos pés dos jogadores do Benfica, que queriam chegar ao último terço do terreno em três, quatro toques - o que aconteceu poucas vezes e sem grandes resultados. Sem a bola, a pressão começou por ser de alto nível, mas cedo alternou para uma passividade enervante, com os jogadores a darem um par de metros (e de segundos) a mais, que os portistas inteligentemente utilizaram para pensar e armar o seu jogo.

A arbitragem esteve em óptimo plano, mas fica manchada pelo olvidar da agressão de Luisão a Sapunaru, ainda na primeira parte, passível de expulsão do brasileiro. De assinalar a excelente reacção do fiscal-de-linha que foi agredido por um idiota que se julgou no direito de fazer disparates em nome do Benfica. Ridículo, dado o potencial de segurança armado no Estádio. Vamos esperar para ver em que medida o Benfica deverá ser punido. Tudo o que for abaixo de uma interdição do Estádio da Luz para os próximos cinco milénios deixará certas figuras da blogosfera tremendamente indignadas e com um sentimento de injustiça. Infelizes e ridículos... mas têm público à altura.

Quanto a Rodriguez, alimentou-se dos assobios para ganhar motivação, chegando a pedir a Jesualdo para que não o tirasse de campo. Porém, nunca conseguiu levar a melhor a um adaptado Maxi Pereira, um jogador "operário" que se revela de extrema utilidade - "pau para toda a obra".

Não se deve ignorar o "rebentamento" físico dos jogadores do Benfica, na segunda parte. O estado de graça do preparador físico dos encarnados acabou ontem - começou o julgamento público, em que qualquer espectador é um perito na matéria, ao mesmo tempo que se torna num sniper disposto a abater mais um preparador físico do Benfica. A rever, para evitar nova humilhação.

Dadas as circunstâncias, o Benfica ganhou um ponto. Com um jogador a menos depois do golo do empate, com muitos jogadores "rebentados" desde a segunda parte... é um resultado que acaba por saber a vitória e se aceita como algo positivo.

Já Jesualdo deve ficar preocupado com a inoperância da sua equipa, que só conseguiu fazer mais três remates que o seu ferido adversário. Também se aceita que o Porto terá perdido dois pontos, ao mesmo tempo que perde a moral que já traz há alguns anos - a moral da liderança incontestada no campeonato, que deverá cair hoje ou amanhã.

Resumindo, foi um clássico bonito de se ver, com golos, com uma bola no ferro do Benfica e com outra sacudida em cima da linha (por Lisandro). Ainda há muito para jogar, e está tudo em aberto. O Benfica ainda não ganhou, mas também ainda não perdeu.

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