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terça-feira, janeiro 31, 2006

As frases da polémica - o caso Simão

“Grande desilusão”
- Alguém discorda?

“O Benfica perdeu e bem. O Sporting esteve mais forte, mais unido e com exibições individuais bem apoiadas por todo o conjunto. No Benfica foi o contrário. Não houve o devido apoio a quem podia decidir o jogo...”
- Novamente correcto. Se Simão, através do seu porta-voz oficial, se queixa de falta de apoio - se considerarmos que se está a referir a si -, está apenas a dar o seu ponto de vista. Pelos vistos, não o devia ter feito. Compreende-se que a direcção do SL Benfica considere este texto como um factor de desestabilização antes de mais um jogo decisivo para o campeonato, e que tenha pedido a Simão que o retirasse.
Em qualquer outro clube aconteceria o mesmo - não o torna aceitável, mas considero que este fenómeno de "empregado revolta-se contra entidade patronal e entidade patronal reage" aconteceria da mesma forma em qualquer outra empresa; não é ideal, mas é a norma.
Simão coloca o dedo na ferida, mas põe de parte a hipótese que é não se poderem fazer grandes jogos todas as jornadas - os seus colegas da defesa e do meio-campo são humanos. Se a bola não chegou lá à frente nas melhor condições, é algo que Simão terá de encarar com mais naturalidade - aqui ou em Inglaterra. No Chelsea também há-de acontecer, e Mourinho não tolerará este tipo de "bocas" (Ricardo Carvalho que o diga) - se Simão quer ir para o Chelsea, acabou de dar um tiro no pé.



“Pois que dizer perante tamanho descalabro?

Pouco ou nada, a não ser procurar dentro do clube, do grupo de trabalho e de todos aqueles que directa ou indirectamente fazem parte da estrutura, as razões que levaram a uma alteração tão acentuada daquilo que foi a filosofia do campeão a época passada e o que se preparou para esta época
Grandes diferenças, sem dúvida!”
- Grandes diferenças, sem dúvida! A começar pelo facto de o SL Benfica ter no banco jogadores com qualidade suficiente para jogarem na equipa principal, algo que não acontecia na era de Trapatonni. O italiano tinha uma equipa espremida até ao limite - Koeman tem mais jogadores, o que não significa que os utilize da melhor forma.
A que "alteração tão acentuada" se referia o capitão do Benfica? Acabou de se abrir uma caixa de Pandora - estas linhas de Simão têm muito maior capacidade de destruição do que têm, de construção. Fractura-se o balneário, fragiliza-se a direcção e o grupo de trabalho. Assim, não.

“Pode ser que ainda se vá a tempo de encontrar o caminho certo. Estamos a meio e muita coisa pode mudar. Esperemos que seja para melhor.”
- Qualquer benfiquista será incapaz de discordar. Procura-se o bi-campeonato; faça-se por isso.

As citações são de Simão Sabrosa, no seu site oficial, dias após o dérbi de Lisboa que o Benfica perdeu, humilhantemente, para o rival Sporting; dias depois de Luis Filipe Vieira afirmar publicamente que Simão não sairía do Benfica, nesta janela de transferências.

Académica I


1. A vitória da Académica, ontem à noite, em Setúbal (1-0) não me podia proporcionar melhor estreia neste blog. Coisa rara, diga-se, nos tempos que correm, ainda mais fora de portas, longe do incondicional apoio dos cerca de cinco mil maluquinhos que, de quinze em quinze dias, pagam “para lá dum dinheirão” para assistir a espectáculos medíocres – sem excepção –, no Estádio Cidade de Coimbra.
O triunfo tira a Briosa da “linha de água”, e dá-lhe renovado alento para enfrentar as duas próximas jornadas, disputadas em Coimbra frente ao Paços de Ferreira e ao Boavista. No final de Fevereiro, então sim, a Académica poderá festejar antecipadamente a manutenção.

2. Tento diariamente não me corromper por lampejos de sucesso, recusando moldar opiniões mediante o resultado do fim-de-semana. É por isso que, na ressaca desta (importante) vitória, não posso permitir que se esqueça o que de mal se fez até aqui nesta época – e foi muito, para não dizer quase tudo.
Desde a política de contratações e renovações, à gestão dos recursos internos por parte do treinador, a algumas atitudes menos dignas ou mesmo incompreensíveis de jogadores e dirigentes. Esta época marca o divórcio definitivo com o passado da instituição, onde o ícone de estudantes passa apenas a servir de sinónimo a textos jornalísticos menos repetitivos.

3. O exclusivo recurso ao mercado brasileiro já provou nem sempre ser solução. Os baixos custos ou ofertas de amigos não servem para justificar a ambição – e as possibilidades deste elenco directivo fazer melhor parecem cada vez mais limitadas;

O facto de Zé Castro, mais um craque “nascido” no Santa Cruz, sair no final da temporada a custo zero, somando a falta de reacção a esta situação, além de provar a subserviência das equipas técnica e directiva na procura de resultados, não pode deixar de indignar até o adepto mais indiferente. Enervante não é ver errar, mas sim observar que ninguém aprende com episódios recentes. E ficam aqui só alguns exemplos de cabeça: Lucas (Boavista), Fábio Felício (U. Leiria) e João Tomás (está bem está bem, este foi vendido por 200 mil euros… antes de marcar 17 golos pelo Benfica). A ver vamos se o caso do Zé Castro surge isolado (resta-nos esperar que o interesse do Boavista e Sp. Braga no Nuno Piloto - que também está em final de contrato – não se concretize);

O trabalho do técnico Nelo Vingada é, do meu ponto de vista, a questão mais complexa de discutir. Recolhe quase unanimidade entre a massa associativa, mas continua por provar ser a mais valia que, por vezes, a sua postura intocável parece fazer transparecer. Ok, os objectivos têm sido cumpridos. Mas, sinceramente, se há teimosias permanentes neste campeonato (um género de insistência na relação Koeman-Beto) Vingada é quem mais insiste em opções discutíveis, por vezes até incompreensíveis. Se bem que a qualidade e quantidade do plantel deixam a desejar, nada justifica a constante aposta em jogadores como Nuno Luís, Danilo ou Gelson em detrimento de atletas bem mais valiosos - porquê, questiona-se.
E qual a razão desta atitude em relação ao Joeano. Até na flash-interview, no final do jogo de ontem, Vingada insistiu ter sido o Gelson a marcar o golo do triunfo.

4. Quanto à atitude de Marcel, e apesar de ser o primeiro a atribuir legitimidade à ambição na carreira, não deixa de ser criticável. Foi mau demais. E a Académica, feita de pessoas, daquelas que sofrem nas bancadas, não merecia esta tomada de posição tão radical. Mas, o futebol é mesmo assim, e, certamente, que algum penafidelense estará hoje a dizer o mesmo de N’Doye – que nós recebemos, obviamente, calorosamente de braços abertos.
Esperamos, no final da temporada (ou em Assembleia Geral extraordinária), pormenores sobre o dossiê Marcel.

Não estará o Benfica melhor agora, do que há três semanas atrás?

Olhando para "cima", sim.
De seis pontos de atraso para apenas quatro, com um jogo grande a menos (perdido em casa), com o FC Porto a receber o Sporting de Braga, e com o Sporting a receber o Nacional da Madeira. Lá em cima, alguém terá de cair. Talvez se torne na jornada sem dérbis mais interessante do campeonato.
A força mental dos campeões nacionais será posta à prova no jogo de Leiria, sabendo-se de antemão qual o resultado do jogo de Alvalade, que se joga horas antes.

Olhando para baixo, não.
O Sporting terá mais força anímica, pois está na mó de cima, diz-se. Estará? Qualquer sportinguista saberá que basta uma derrota com o Nacional para voltarem ao desalento e desencanto que caracterizou a equipa e a massa adepta em tantos momentos desta Liga (e das últimas duas). No entanto, é um adversário que os primeiros quatro classificados devem ter em consideração... um clube embalado é capaz de muita coisa (Benfica de Camacho).
Os leões de Paulo Bento estão a três pontos do Benfica e a sete do FC Porto - no entanto, continuam em quinto, o último lugar a dar acesso a uma prova da UEFA.

O Nacional da Madeira venceu o Gil Vicente, num jogo muito aceso e que, a ter os resumos televisivos em consideração, podia ter dado pontos para os dois lados. A consistente equipa de Manuel Machado está no terceiro lugar e tornou-se na equipa mais forte da Madeira.

O Sporting de Braga ganhou o outro dérbi da jornada, contra o estranho-mas-habitual Guimarães, com um golo de João Tomás. O sexto golo do avançado português colocou a equipa dos arcebispos a um ponto do Benfica e a cinco do FC Porto. Estão no quarto lugar, com os mesmos pontos do Nacional.

Está tudo em aberto...

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Adriaanse vítima dos adeptos do seu próprio clube

Co Adriaanse foi insultado, perseguido e apedrejado. O treinador, que esteve sentado na bancada do Estádio dos Arcos ao lado de Pinto da Costa (sem direito a grandes diálogos), viu a sua equipa empatar. Podia ter dobrado a vantagem que tinha em relação ao seu adversário directo (ou inimigo, como diria o presidente do FC Porto), mas deixou-se empatar.

Sem Lucho no miolo a pensar o jogo, com Quaresma a não resolver, o FC Porto revela-se uma equipa com muitas dificuldades para ultrapassar equipas com orçamentos incomparavelmente mais curtos que o seu. Equipas pequenas, hoje em dia, só no orçamento.

Tanto dinheiro para tão pouco jogo, terão pensado os adeptos portistas... que foram ao estádio. No entanto, enquanto a maior parte se contenta com os insultos (ou com o silêncio anormal das claques), há quem se julgue no direito de agredir o treinador da equipa. Como se o FC Porto tivesse jogado sozinho. Como se o Rio Ave não fosse uma equipa a ter em conta.

Serão estas agressões a provação de um veneno que o clube terá deixado verter ao longo dos anos, e que chega mesmo a alimentar em relação aos "inimigos do clube"? Isto é: será que Co Adriaanse está a sofrer na pele a ira de um bando incontrolável de adeptos que chega, inclusive, a ser protegido depois de interromper os treinos - pois a sua acefalia e instinto de obediência canino dá jeito a certos indivíduos? Será que o feitiço se virou contra o feiticeiro?

Poderá ter sido um episódio pontual; assim espero. A violência nunca contribui para o espírito salutar que deve rodear o desporto. A direcção do clube tem imagens e números de telefone, e promete apresentar queixa. Assim se faça justiça. Assim se dê um exemplo para todos aqueles que julgam ter o direito de estragar aquilo que outros demoraram tanto a erguer - seja uma claque, um clube, um bairro, uma cidade, ou um país.

Primeiro post - uma introdução.


Este blog é dedicado ao jogo mais belo do mundo.

O futebol não se joga só com os pés; a cabeça é que faz o trabalho todo, proporcionando a inspiração, os momentos de genialidade que caracterizam os grandes avançados, a frieza que marca o carácter dos melhores defesas... para não falar de todo o trabalho das equipas técnicas.

O futebol ultrapassa as quatro linhas - vamos jogá-lo também na blogosfera.