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terça-feira, janeiro 31, 2006

Académica I


1. A vitória da Académica, ontem à noite, em Setúbal (1-0) não me podia proporcionar melhor estreia neste blog. Coisa rara, diga-se, nos tempos que correm, ainda mais fora de portas, longe do incondicional apoio dos cerca de cinco mil maluquinhos que, de quinze em quinze dias, pagam “para lá dum dinheirão” para assistir a espectáculos medíocres – sem excepção –, no Estádio Cidade de Coimbra.
O triunfo tira a Briosa da “linha de água”, e dá-lhe renovado alento para enfrentar as duas próximas jornadas, disputadas em Coimbra frente ao Paços de Ferreira e ao Boavista. No final de Fevereiro, então sim, a Académica poderá festejar antecipadamente a manutenção.

2. Tento diariamente não me corromper por lampejos de sucesso, recusando moldar opiniões mediante o resultado do fim-de-semana. É por isso que, na ressaca desta (importante) vitória, não posso permitir que se esqueça o que de mal se fez até aqui nesta época – e foi muito, para não dizer quase tudo.
Desde a política de contratações e renovações, à gestão dos recursos internos por parte do treinador, a algumas atitudes menos dignas ou mesmo incompreensíveis de jogadores e dirigentes. Esta época marca o divórcio definitivo com o passado da instituição, onde o ícone de estudantes passa apenas a servir de sinónimo a textos jornalísticos menos repetitivos.

3. O exclusivo recurso ao mercado brasileiro já provou nem sempre ser solução. Os baixos custos ou ofertas de amigos não servem para justificar a ambição – e as possibilidades deste elenco directivo fazer melhor parecem cada vez mais limitadas;

O facto de Zé Castro, mais um craque “nascido” no Santa Cruz, sair no final da temporada a custo zero, somando a falta de reacção a esta situação, além de provar a subserviência das equipas técnica e directiva na procura de resultados, não pode deixar de indignar até o adepto mais indiferente. Enervante não é ver errar, mas sim observar que ninguém aprende com episódios recentes. E ficam aqui só alguns exemplos de cabeça: Lucas (Boavista), Fábio Felício (U. Leiria) e João Tomás (está bem está bem, este foi vendido por 200 mil euros… antes de marcar 17 golos pelo Benfica). A ver vamos se o caso do Zé Castro surge isolado (resta-nos esperar que o interesse do Boavista e Sp. Braga no Nuno Piloto - que também está em final de contrato – não se concretize);

O trabalho do técnico Nelo Vingada é, do meu ponto de vista, a questão mais complexa de discutir. Recolhe quase unanimidade entre a massa associativa, mas continua por provar ser a mais valia que, por vezes, a sua postura intocável parece fazer transparecer. Ok, os objectivos têm sido cumpridos. Mas, sinceramente, se há teimosias permanentes neste campeonato (um género de insistência na relação Koeman-Beto) Vingada é quem mais insiste em opções discutíveis, por vezes até incompreensíveis. Se bem que a qualidade e quantidade do plantel deixam a desejar, nada justifica a constante aposta em jogadores como Nuno Luís, Danilo ou Gelson em detrimento de atletas bem mais valiosos - porquê, questiona-se.
E qual a razão desta atitude em relação ao Joeano. Até na flash-interview, no final do jogo de ontem, Vingada insistiu ter sido o Gelson a marcar o golo do triunfo.

4. Quanto à atitude de Marcel, e apesar de ser o primeiro a atribuir legitimidade à ambição na carreira, não deixa de ser criticável. Foi mau demais. E a Académica, feita de pessoas, daquelas que sofrem nas bancadas, não merecia esta tomada de posição tão radical. Mas, o futebol é mesmo assim, e, certamente, que algum penafidelense estará hoje a dizer o mesmo de N’Doye – que nós recebemos, obviamente, calorosamente de braços abertos.
Esperamos, no final da temporada (ou em Assembleia Geral extraordinária), pormenores sobre o dossiê Marcel.

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