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quinta-feira, julho 06, 2006

Despertámos do sonho

A França, a mesma de sempre, venceu Portugal nas meias-finais, as mesmas de sempre, com um golo de penálti, o mesmo de sempre, apontado por Zinedine Zidane, o mesmo de sempre.

A história, essa, a mesma de sempre, voltou a oferecer à França uma final de uma grande competição, desta vez num Mundial, depois das vitórias, exactamente na mesma fase, também frente à selecção portuguesa, nos Europeus de 1984 – com um golo de Platini, no último minuto do prolongamento – e de 2000 – o tal em que Zidane marcou.

De nada valeu aos portugueses a notável campanha por terras germânicas – onde venceram Angola, Irão, México, Holanda e Inglaterra – e nem sequer o facto de, desta vez, terem sido eles os melhores em campo, provocando bem mais calafrios a Barthez, num jogo onde o herói Ricardo apenas por uma ou duas vezes suou.

Aos 33 minutos, de uma partida que, infelizmente, não estava destinada a terminar em festa, o carrasco de sempre, dos tais que desperta amores e ódios, como só os verdadeiros craques conseguem, "matou" o sonho de um pequeno país que, ao longo do último mês, provou estar no grupo dos melhores, dentro e fora do campo.

A Portugal não faltou nada, talvez apenas a ponta de sorte dos campeões, aquela que colocou uma França e uma Itália na final, duas equipas que, e mesmo reconhecendo uma quanta dose de nacionalismo, foram sempre inferiores às nossas cores.

Ao apito final de um árbitro uruguaio que, novamente, deixa poucas saudades, um tal de Jorge Larrionda – mais lesto no apito para um lado que para o outro –, o país não chorou. Manteve-se, sim, firme, orgulhoso pelo percurso do grupo de 23 liderado por Luiz Felipe Scolari.

Um brasileiro que chegou, viu, ouviu e venceu. Calou os críticos. Calou-me a mim.
Hoje, ainda há-de haver quem encontre culpas no seu trabalho por apenas ter conseguido chegar ao leque das quatro melhores do Mundo, outros vão sublinhar que esta equipa pouco ou nada sabe de bola, mas, esses, na realidade, e enquanto os portugueses descansam para o jogo da consagração, estão já de banho tomado, em casa, há vários dias. Outros nem sequer pisaram a Alemanha mas vão, agora, começar a destilar.

Portugal – destes nomes inesquecíveis do nosso futebol* – vai defrontar os anfitriões no sábado, a partir das 20H00, em Estugarda, naquele que coloca frente-a-frente as melhores equipas da competição. Afinal, quem é que quer perder esta partida, para ver um espectáculo que se prevê tão triste, pobre, para mais disputado 24 horas depois?

* Ricardo, Quim, Paulo Santos; Ricardo Carvalho, Fernando Meira, Miguel, Paulo Ferreira, Nuno Valente, Caneira e Ricardo Costa; Costinha, Petit, Maniche, Deco, Hugo Viana, Tiago; Figo, Simão Sabrosa, Cristiano Ronaldo, Boa Morte, Pauleta, Nuno Gomes, Hélder Postiga. Luiz Felipe Scolari.

P.S.: o penálti sobre Thierry Henry é claro. Já a alegada falta sobre Cristiano Ronaldo é inexistente.

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