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segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Clássico Roubo

Liga Sagres
FC Porto 1 - 1 SL Benfica
(Yebda)



Novo clássico, novo penalty cavadíssimo a favorecer o FC Porto, que não consegue marcar de outra forma ao Benfica. Pedro Proença ("o árbitro do Benfica que ajuda o Porto") acabou por ser o protagonista do jogo, ao crer na trafulhice de Lisandro. Clássico roubo: na frente do campeonato, tudo na mesma. No futebol português, também.

Gostei da atitude do Benfica e da táctica montada por Quique Flores. Depois de resistir ao pressing inicial da equipa de Jesualdo Ferreira, os jogadores encarnados também deram ares da sua graça e acabaram a primeira parte na liderança. No seguimento de um canto, Yebda, sozinho na área portista, fez um golo à Katsouranis: à entrada da pequena área, e ao FC Porto...

A defesa do Benfica esteve em muito bom plano. Moreira mostrou a segurança que alimentou as esperanças de muitos benfiquistas, quando este guarda-redes ainda era (mais) jovem. Defendeu o que havia para defender, à excepção do penalty. Não se lhe podia pedir mais.

Sidnei e Luisão foram sólidos e eficazes. Luisão continua a ser a voz de comando daquele bloco defensivo, e está em grande forma. Sidnei, regressado à equipa, mostrou que (até) um lentinho consegue ganhar um sprint ao Hulk. Aquele despique com Hulk, em que come porrada e ainda assim bate o super-herói e fica com o esférico, foi assinalável.

Nas laterais, Maxi e David Luiz são duas soluções de recurso que, cada vez mais, jogam como primeiras escolhas. Sem amuos por jogarem fora da posição...

Meio-campo: Katso e Yebda foram os primeiros tampões para a enxurrada de ataque com que o Porto começou o jogo. O grego está para o meio-campo como Luisão está para a defesa: não deslumbra, mas a solidez e os recursos que apresenta são de uma competência que serão sempre uma garantia para qualquer treinador. Yebda fica relacionado com os dois golos, mas só teve mérito num, e nenhuma culpa no outro.

Reys e Amorim. O artista e o operário. O pianista e o homem das mudanças. Com a bola nos pés, o espanhol é um regalo para os olhos. Ao contrário do que acontece com Di Maria, o cigano percebe que o percurso da bola tem um fim e um destino. Não fez um jogo deslumbrante, mas fica registado que fez a assistência para o golo de Yebda. Já Amorim é uma espécie de João Moutinho do Benfica: uma técnica assinalável, sem exageros fúteis e inconsequentes, uma qualidade de passe exemplar, a atitude de "primeiro a equipa"... Excelente contratação.

No ataque, Aimar e Suazo. O argentino confirma a ascendência da sua forma, revelando armas que até então não tinha conseguido aplicar em campo. A paz com que brindou os companheiros, na altura do sufoco provocado pelo ataque portista no início da primeira parte, pausando e pautando o jogo, foi providencial. Suazo, regressado de uma lesão, fez um bom cabeceamento ao abrir da segunda parte. That's it.

Os suplentes: Di Maria, Nuno Gomes e Carlos Martins. O argentino foi mais do mesmo: de assinalar, mais uma lance de perigo desperdiçada e a deixar Aimar à beira de um ataque de nervos, quando se assistia a um "dois-para-dois" contra a defesa portista. Nuno Gomes não entrou a tempo de alterar o desfecho do jogo, mas fez aquilo que os 10 minutos em campo permitiram, segurando e trocando a bola na frente do ataque. Carlos Martins teve o privilégio de ver o árbitro parar o jogo para que o jogador entrasse para bater o último livre do encontro. Sem arregaçamentos, desta vez.

O que fica para a história é o empate, mais um empate injusto para o Benfica (lembro-me de mais dois, assim de repente...) e que puxa a equipa de Lisboa para baixo. Foi um clássico à imagem das últimas três décadas de futebol em Portugal: clássico roubo, claro está...

8 comentários:

Fredous disse...

http://lostedinmyownmind.blogspot.com/2009/02/pedro-proenca-1-1-benfica.html

Bananaman disse...

Bom artigo.
Só dois pequenos (sub)comentários:

1. Di Maria em contra ataque, acabadinho de entrar, cheio de vigor...e o resto já sabe. Não há supresas. Infelizmente.

2. Em relação ao laterais. Maxi está cada vez mais, a cada dia que passa, um sr. lateral direito. David Luiz. Apetece-me chorar cada vez que vejo o rapaz a fazer de lateral esquerdo. Um central/líbero de fazer inveja a joagar a lateral esquerdo. Enfim. Podia ser pior. Podíamos ter um Sissokho.

RA disse...

Verdade. Mas o David Luiz já percebeu que só tem a ganhar em campo, a jogar em que posição for... Sendo assim, ficamos todos a ganhar :)

Anónimo disse...

Caro amigo:


Começo por apelar à sua memória.
Saberá que foi Pedro Proença o senhor que teve a segunda arbitragem mais escandalosa dos últimos anos (falo das que foram em prejuízo do Benfica), quando, por alturas do final da época de 2004/2005 (último título do Benfica, sob o comando de Giovanni Trapattoni), numa deslocação importante do Benfica a Penafiel (presidido por António Oliveira e reconhecidamente um dos bastiões do Dragão), escamoteou ao meu clube dois penaltys escandalosos, além de inclinar constantemente o campo. O Benfica perdeu por 1x0.

Saberá também que foi o mesmo Pedro Proença, o árbitro de um dos mais polémicos jogos de 2006/2007, um Porto x Sporting. Concedendo ao Porto um livre indirecto a dois metros da baliza do Sporting, num lance que considero dos mais ridículos que tenho memória no futebol nacional. O Porto venceu esse jogo por 1x0 (com o tal golo de Raúl Meireles) e venceu esse campeonato com mais um ponto que o Sporting e dois (ou três) que o Benfica.

Serve isto para desmontar a tese que sabiamente pessoas com ligações ao FCP lançaram pelos orgãos de comunicação social, e mesmo pela blogosfera (oficiosa), tese essa segundo a qual, pelo facto de Pedro Proença ser sócio do Benfica (algo que ainda não vi provado), favoreceria o seu clube do coração. Nunca aconteceu, antes pelo contrário.
Mesmo que seja sócio do Benfica, nada me diz que essa não é uma manobra de distracção, para os danos que impõe sempre que apita jogos de capital importância.

Continuando. Essa mesma estratégia azul, atingiu a Taça da Liga. Porquê? O FCP apregoou aos 7 ventos, o facto de ser constantemente lesado numa Taça que pouco lhe interessa. Nomeadamente nos dois penaltys contra o Vitória de Setúbal (acabou por vencer o jogo por 2x1 frente áquela que para mim é a equipa mais fraca do principal escalão. Leandro Lima, jogador do Porto, converteu o primeiro penalty quando ainda haviam 30 minutos para jogar, falhou o segundo - que diga-se foi pessimamente batido, quando faltavam menos de 10). A ideia de uma cabala contra o Porto ganha forma.
Forma que se acentua ainda mais após o duelo contra o Sporting na mesma Taça que pouco interessa ao Porto. A esse propósito direcciono-o para aqui num artigo escrito por um portista daqueles mais ferrenhos. A ideia que lá transparece foi alías comentada noutros meios, após a partida.

Mais. Benfica x Braga. Clube do Minho claramente prejudicado. Dir-se-á, como se disse, 'lá estão eles a levar o Benfica ao colo'. Mesmo depois, e as provas estão aí para quem as quiser ver, do Benfica ter sido prejudicado em 7 partidas (algumas das quais, diga-se que mesmo assim ganhou).
Na jornada seguinte, um Braga x Porto, onde todos pensariam que jogando na casa do adversário, o Porto pagaria a factura da arbitragem anterior. Nada disso. Quem foi nomeado para apitar a partida? Paulo Costa, habitualmente arredado dos jogos dos grandes, árbitro da AF Porto. Resultado? Porto claramente beneficiado, no mínimo em proporções semelhantes ao Benfica.

Estes factos aconteceram, são passíveis de diferente interpretação pelas pessoas. Mas existem, reconhecendo serem uns mais objectivos do que outros.
Vamos agora ao clássico. Mais um Porto x Benfica, curiosamente e muito estranhamente, 33 anos depois do último penalty assinalado no Dragão (Antas) a favor do Benfica. Pessoalmente considero impossível, que em 33 anos não haja um lance passível de grande penalidade na área do visitado, num confronto entre duas equipas semelhantes. Mas isso são outros apitos.

* Minuto 4, lance na área do Porto, entre Suazo e Bruno Alves. Bruno Alves protege a bola, Suazo agarra-o várias vezes e fortemente, fazendo falta. Árbitro apita bem, marcando a infracção. Quando o hondurenho larga o português, este responde com uma espécie de um coice, falhado. Tentativa de agressão punível na lei. Segundos depois abraçam-se, prática comum após as asneiras de Bruno Alves.
* Minuto 16, lance entre Lisandro e Katsouranis. Com a bola longe, o argentino pisa a coxa do grego que se encontra no chão, após saltar sobre ele. Podem dizer que não foi propositado, mas eu não acredito que os jogadores não saibam onde põem os pés, especialmente quando a bola já vai longe. E principalmente tratando-se de Lisandro.
* Minuto 19, lance na área do Benfica entre Lucho e Reyes, provavelmente o mais passível de discussão ao longo do jogo. É indesmentível que o espanhol toca no argentino. Penalty claro se Lucho se deixasse cair, sentindo-se impedido de continuar a jogada. Lucho não deixou. E ao fazê-lo deu uma lição de seriedade, e do que devia ser o futebol, a adeptos, treinadores, dirigentes, colegas de equipa. E aumentou a consideração que tenho por ele. Lucho não caiu porque se sentiu em condições de prosseguir a jogada, tal como o fez, endossando a bola para remate perigoso de Fucile. Volto a recorrer à sua memória. Lembrar-se-à de um lance, no último Belenenses x Benfica na área do Belenenses entre Suazo e Júlio César. O guarda-redes brasileiro toca (indiscutivelmente) no avançado hondurenho, que prossegue a jogada por um segundo, deixando-se cair de seguida. Todo o Portugal (incluindo eu) o chamou de simulador, o árbitro da partida (Elmano Santos) mostrou-lhe o amarelo. Ninguém discutiu. E apesar de tudo há diferenças entre os dois lances. O toque de Reyes deixou Lucho ainda na posse de bola. O toque de Júlio César podemos discutir se impossibilitou ou não de deixar Suazo chegar à bola. Dizem doutos senhores que lei da vantagem não é dada em penaltys. Quando? Quando o jogador que sofre o toque, fica impossibilitado de chegar à bola, seguindo esta para um seu colega. Não foi o caso e sejamos intelectualmente honestos, tal como Lucho foi. Porque facilmente recorro a centenas de casos (e isto acontece principalmente quando há um duelo entre um avançado isolado e um guarda-redes) em que ninguém discute que há penalty quando o guarda-redes dá um toque no avançado. Se o avançado vê que não consegue chegar à bola, e se atira para o chão, é um simulador. Se cai de imediato, discutem-se 'intensidades'. Como foi o Porto, Lucho é um ingénuo, e o árbitro um 'gatuno'. Mais ainda, não são raros os adeptos do Porto que em lances semelhantes se socorrem da tirada ' futebol não é basket, é um jogo de contactos'. De acordo, joguem mas é futebol positivo!
* Minuto 27. Pisão de Sidnei a Lucho, quando tenta disputar a bola. Ouve-se Jorge Coroado (não devia ser preciso dizer mais nada, penso até que é o único ex-árbitro que o refere) dizer que Sidnei devia ter sido expulso. Ridículo. Apesar de tudo, portistas vejo que partilham da mesma opinião. Ainda assim pergunto, qual a diferença entre este lance e o de Lisandro com Katsouranis, exceptuando o facto de neste a bola estar em disputa entre os dois jogadores.
* Minuto 52 e 64, cartões amarelos ridículos a Maxi Pereira (num lance de falta, mas normal e a meio campo, com Rodriguez) e a Katsouranis (nem toca no incendiário Raul Meireles) respectivamente. Convém dizer que ao minuto 50, Proença mostra o primeiro amarelo do jogo a Fernando, numa falta sobre Aimar, que o justificou. Assistimos porém a um equilibrar, e depois desiquilibrar dos pratos da balança a favor da equipa da casa, numa espécie de antevisão do que viria a seguir.

* Minuto 70. Penalty para o Porto. Sobre este lance, não adianta alongar-me. As imagens falam por si. Digo só, que cai no rídiculo quem diz que o braço de Yebda alguma vez impede 'David Lisandro Copperfield', ou 'Michael Lisandro Phelps' (como quiserem), de prosseguir a marcha. E para cair no ridículo já basta Pedro Proença. Sobre este lance direcciono-vos para aqui, opinião de três árbitros no activo. Embora ache que não seja preciso.



Conclusões do clássico:

1 - o Porto, ao não apresentar a constituição oficial da equipa do Benfica, ao não colocar a bandeira do Benfica junto com a sua e a da Liga, e ao não permitir (em conluio com outros responsáveis) a entrada dos adeptos do Benfica a tempo do início do jogo, demonstrou a sua pobreza de espírito e o facto de ainda fazer o que quer quando jogo no seu estádio.

2 - Jesualdo Ferreira cometeu um erro tremendo ao deixar a equipa a descansar para o jogo com o Sporting. Viu-se que poupar Pedro Proença era mais do que suficiente. Pelo contrário, comprometeu o prestígio da equipa ao perder por 1-4 com um rival directo e promoveu ainda uma divisão perigosa no seio do plantel, catalogando jogadores como titulares e suplentes.
Sobre as suas declarações à imprensa, já nem falo.

3 - o Porto já pode encomendar as faixas de campeão, 2008- 2009.


Melhores cumprimentos, não deixem passar isto em claro.

RA disse...

He lá... espero que não tenha guardado este comment para o meu blog, porque este comment *É* um blog ;)

Bananaman disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bananaman disse...

Bom, caro Sr. Anónimo.
Eu não acredito em teorias conspiracionistas, mas factos são factos e há coisas irrefutáveis.

E concordo com o RA. Este comentário merece muito mais do que um simples comentário.

RA disse...

Merece ser spammado por tudo o que é blog, como previa... e como aconteceu.

lol