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terça-feira, junho 27, 2006

Nação valente

Ando por aí orgulhoso, a destacar os méritos da nossa selecção, enquanto me deparo com alguns adeptos divididos, entre um misto de alegria e vergonha – termo escolhido para qualificar a actuação de Portugal na “batalha” de Nuremberga. Confesso que, pessoalmente, me custa (e de que maneira!) a compreender estas opiniões.

Até posso ser alvo de um rol de acusações – que vão desde o nacionalismo exacerbado, ao chauvinismo ou até fundamentalismo patriótico –, mas observar alguém criticar aqueles jogadores dói-me, sinceramente, como se uma espada me trespassasse da cabeça aos pés.

Por exemplo: eu joguei andebol durante uma década, quase sempre orientado por um técnico que nem sequer nos bater faltou, género “sargentão”, duro, mas, e sobretudo, protector de valores individuais e colectivos. Se não sabem, a modalidade de que falo mete o futebol num chinelo no que diz respeito à agressividade (não exagero fazendo uma comparação de uma falta, no jogo dos pés, para dez, no praticado com as mãos).
Picardias, com ou sem bola a rolar, adrenalina ao máximo e “toques” (nem sempre agradáveis) por debaixo da mesa eram frequentes. Não conheço nenhum colega meu que se tenha encolhido, que não tenha empurrado ou gritado bem alto em defesa das nossas cores. O resultado de tudo isto era apenas orgulho, o sentimento de dever cumprido, por afirmar, fosse contra quem fosse, a grandeza do meu clube.

Pena de quem sente vergonha, na hora de ver alguém, para mais dos nossos, jogar por amor à camisola!
(coisa rara)

P.S.: isto é, certamente, um mal de carácter. Um reflexo de uma faceta competitiva e ambiciosa; das minhas crenças políticas de direita; de convicções de preservação nacionalista; da necessidade de lutar cedo, na vida pessoal e profissional. Para mim, tanta "vergonha" não é mais que a consolidação do epíteto de coitadinho, provocador de traumas colectivos, travão da nação em todos os seus sectores.
(isto é também um relato antiquado, numa toada dura – pouco comum!)

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