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terça-feira, setembro 23, 2008

Benfica sofre para ganhar os primeiros três pontos

Paços de Ferreira 3 - 4 SL Benfica



Custou, mas foi. Ao quarto jogo oficial da época, o Benfica ganhou um jogo. O grau de dificuldade deste jogo assemelhava-se ao da primeira jornada (como o FC Porto bem pôde comprovar): um adversário interessado no jogo, um campo difícil, equipa nova.

Quique Flores surpreendeu ao colocar Jorge Ribeiro, Rúben Amorim e Nuno Gomes. Léo ficou de fora, e a aposta no irmão de Maniche compensou (e de que maneira) - Jorge Ribeiro marcou um golo que transmitiu a tranquilidade que a equipa precisava. É aqui que Ribeiro poderá marcar a diferença em relação a Léo: um remate potente e colocado, que pode servir para a marcação de livres, e um atributo de que o internacional brasileiro não dispõe.

A titularidade de Rúben Amorim poderá ser explicada pela necessidade que o treinador do Benfica viu em ter alguém em campo com capacidade de ajudar o adaptado Maxi Pereira. De assinalar que, mesmo sem subir no terreno como um extremo, os passes de Rúben Amorim fizeram mossa no sector defensivo pacense.

Nuno Gomes terá entrado por falta de frescura física de Pablo Aimar. A verdade é que o ponta-de-lança português consegue transmitir maior clarividência e eficácia às jogadas, em contrário do argentino, que perde (e muito) por jogar de costas para a baliza. O lado direito do ataque irá ser seu - é uma questão de tempo até Quique perceber que não tem nenhum titular "natural" para a posição. Quando Aimar entrou para ganhar ritmo de jogo, a ausência da inteligência do jogo de Nuno Gomes (a sua principal característica) fez-se notar: o ataque encarnado ficou acéfalo e inofensivo.

Num jogo aflitivo em que o Benfica voltou a deixar-se surpreender após ter entrado em vantagem bem cedo, fica a sensação que ainda é preciso fazer muito treino mental, sobretudo no sector do meio-campo, ineficaz na altura de pensar o jogo, especialmente quando sob pressão. Yebda esteve (finalmente) bem, mas Carlos Martins ainda não conseguiu pegar no jogo como se espera.

Quanto à dupla de centrais, esteve em bom plano, para quem tem apenas 19 anos. Sidnei mostrou que consegue sair a jogar, mesmo sob pressão (o que poderá resultar num movimento suicida, quando não sair bem), e Miguel Vítor tem pormenores de desarme e antecipação de bom nível. A culpa dos golos que o Benfica sofreu não passaram por estes dois jovens: o primeiro golo pacense acontece após ressalto (mais um), o segundo foi uma oferta de Quim (mais uma), e o terceiro resulta de um lance de "solteiros-e-casados" após lance de bola parada.

Por fim, Reyes. O espanhol mostrou o porquê da sua contratação: rapidez, enorme capacidade de finta e passes certeiros (a assistência para Nuno Gomes foi excelente). Fez mais neste jogo do que Di Maria em muitos (demasiados) desde que chegou ao Benfica. Venda-se o argentino, insisto.

O Benfica alcançou o FC Porto na classificação. Nos últimos anos, seria um feito - este ano, o Porto está em quinto lugar. Jesualdo mostra um discurso curioso (para treinador do Porto, diga-se), e diz que a liderança à 3ª jornada não interessa - interessa é a classificação final. Tem razão, mas também é verdade que já não me lembro da última vez que os portistas estiveram a quatro pontos do líder.

Continuando o paralelismo, prefiro que o Benfica tenha os mesmos pontos que o FC Porto, tendo vindo de um resultado positivo, do que tendo vindo de um empate. Até porque há Benfica-Sporting para a semana, e quero os encarnados com a moral toda. Entrar a ganhar vale o que vale, está visto...

Nota: os dois avançados do Benfica marcaram. Nuno Gomes facturou o seu 150º golo no campeonato nacional, e Cardozo mostrou competência e tranquilidade na marcação do penalty (também contam). Nada mau, para quem já os tinha (ou desejava) como acabados para o Benfica...

PS: no Dia Seguinte, ontem, deu-se continuação ao mito idiota que há muitos anos se propaga nas conversas de café: "ganhámos por mais do que um, por isso, mesmo que o primeiro tenha sido ilegal, não faz grande diferença". Não faz? Faz toda a diferença! Basta usar a cabeça e pensar. É bem diferente estar com a corda ao pescoço até à segunda parte, e entrar a ganhar ainda na primeira. Faz lembrar o discurso do tal avençado Aguiar que desculpava as "recepções em manchete" de Lisandro, ou as assistências em fora de jogo para os golos que abriam grandes goleadas do FCP, na época passada.

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