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quarta-feira, maio 24, 2006

TRINIDADE E TOBAGO: Russel Latapy

O imaginário academista, dos tempos da "travessia no deserto", reuniu incontáveis personagens, uma das quais Russel Latapy. Ele está de "volta", para o Mundial.

Ninguém poderia imaginar que, tantos anos depois, os adeptos de Coimbra (e do país), ainda fossem ter a oportunidade de vibrar com a alegria contagiante, na hora de tocar no esférico, de Russel Latapy. Aquele rapaz pequeno e franzino (de um 1,70 metros) que, um dia, vestiu a camisola da Académica está de volta, não à cidade – que se tornou demasiado pequena para tanto futebol –, mas no Campeonato do Mundo da Alemanha, onde vai vestir, aos 38 anos (que fazem dele o jogador mais velho da competição), a camisola da selecção de Trinidade e Tobago.

Tal como acontece com os reais "craques", Latapy tornou-se imortal, nas memórias de adeptos que guardaram o seu nome numa galeria recheada de "gigantes" da bola e apenas, aos poucos, perderam a esperança de o ver de regresso. Passaram anos e mais anos. Até que, finalmente, o "cheiro" daquele futebol se torna, outra vez, acessível.


Depois da "aventura" conimbricense – sempre pela divisão secundária -, o "cérebro" ofensivo seguiu mais para Norte, onde representou o FC Porto (1994 a 1996) e o Boavista (1996 a 1998). Nas Antas viveu momentos de glória, como a consagração como bi-campeão , e de tragédia, caso daquele penálti falhado, numa eliminatória europeia com a Sampdoria, que significou a eliminação portista da prova.

De "xadrez" ao peito, Latapy somou mais glórias (como uma Taça de Portugal, em 1996/1997) e admiradores, até abandonar, de vez, o território nacional. O médio, oriundo de uma desconhecida Laventille, era, agora, um homem e sentia-se preparado para descansar, nos derradeiros anos da carreira, no modesto Hibernian (da Escócia).


Mas quem lhe mandou não saber jogar mal, ao ponto do colosso - sobretudo, de carteira -, Glasgow Rangers o convocar, mais uma vez, para a alta roda do futebol europeu. Os adeptos do país das Terras Altas renderam-se e, na entrada para a reforma, ainda passou por Dundee United e Falkirk (onde, actualmente, acumula os cargos de treinador e de jogador).

Descansado, jamais deixou de servir a nação que o viu nascer. Quando já poucos acreditavam, talvez nem mesmo ele, Russel Latapy recebeu o mais valioso (e justo) prémio de carreira, com o apuramento do seu país para um Mundial de futebol. A veterania no mundo da bola não é factor de desconfiança, muito menos quando a qualidade está lá. Por isso, nem passou pela cabeça do seleccionador Leo Beenhakker abdicar do "craque" na hora da convocatória. Ao lado do mediático Dwight Yorke, Latapy vai marcar presença onde todos querem estar.

Desta vez, de vermelho e... preto. Para matar saudades.

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