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segunda-feira, fevereiro 06, 2006

JVP - para a história

Na sexta-feira à noite desloquei-me ao belíssimo Estádio do Bessa para assistir ao Boavista-Naval e pude, finalmente, recordar ao vivo – e reconfirmar, se é que ainda é preciso – a enorme categoria futebolística de João Vieira Pinto.
Após um percurso atribulado, o veterano jogador (até é estranho escrevê-lo), já com 34 anos, regressou à casa onde nasceu para o futebol profissional, mantendo uma frescura física e mental mais que suficientes para liderar uma equipa na luta por uma vaga nas competições europeias. E este Boavista, por muitos e difíceis adversários que encontre, pode, certamente, confiar numa segunda volta marcada pelo sucesso.
É certo que a JVP faltou a notoriedade de outros craques portugueses – como Figo, Rui Costa, Fernando Couto ou Paulo Sousa, só para mencionar alguns da sua geração – em palcos mais condizentes com as suas qualidades. É igualmente correcto recordar que aquela experiência no Atlético Madrileño (a equipa secundária do grande Atlético de Madrid), somente aos 18 anos, de um, recorde-se, pai adolescente (desde os 16), marcaria para sempre as suas opções, por vezes incompreensíveis perante tal assédio do abastado futebol europeu. Uma escolha que passou por cá e retirou capacidade aos mais desatentos para elogiar um dos grandes talentos da história do nosso futebol.

Campeão no Benfica e no Sporting e mais 81 jogos com a camisola da selecção nacional, onde marcou 23 golos.
De “menino d’ouro” a “grande artista”, adorado e odiado, como todos os que são bons; de ídolo a dispensado para o Benfica – o que bastava para aplicar uma bela pena perpétua a Vale e Azevedo –; de fiteiro a craque para o Sporting; ou da possibilidade de ser, à altura, na ressaca do 6-3 de 1994, a maior contratação de sempre do futebol mundial, num negócio de 5 milhões de contos (para o Liverpool). Brilha, agora, e ironicamente, no Porto.
E, caso se puxe pela memória, nos últimos 15 anos não deve ter havido nenhum português tão bom a pisar os relvados nacionais – nem mesmo o Figo, aquele do Sporting, ou o Rui costa, o que vestiu a camisola do Benfica.
De negativo, só mesmo a participação no Campeonato do Mundo de 2002, onde uma equipa, e tal como anunciava o passado do seleccionador, terminou desfeita num jogo de má memória contra a Coreia do Sul (0-1).
A agressão de João Vieira Pinto ao árbitro argentino Angel Sánchez mancha, mas não apaga uma carreira que, apesar de “curta”, foi brilhante.
P.S.: Na noite de sábado, e quando desfiava o meu rol de elogios ao jogador boavisteiro, na presença de um amigo afecto ao único “grande” onde JVP nunca jogou – e que por algumas vezes tramou –, foi-me dito que “se fosse assim tão bom alguém o teria vindo buscar”. Pois é, para esta afirmação só há mesmo uma resposta: O futebol tem destas coisas!

2 comentários:

RA disse...

O JVP é dos jogadores que mais aprecio. Foi um post à altura do que penso dele :)

Pensava era que tinha sido o Aston Villa a oferecer tanta guita.

Kal-el disse...

Ainda não percebi bem o sentido da insistência na relação qualidade-títulos conquistados. Aliás, e como todos sabemos, nem sempre se tem a sorte de nasceres em determinado sítio e nem por isso podes deixar de ter sucesso.

Aconteceu, futebolísticamente falando, com o George Wheah, um dia vencedor da Bola de Ouro (e do prémio fair-play, lembras-te "bicho"? eheh!) e, a nível de selecções não passou de uma eliminação na recta final para um Mundial... já como seleccionador.

Essa tua teoria leva a que consideres o Ricardo Fernandes (talvez uma terceira opção do FC Porto campeão europeu) o terceiro melhor n.º 10 da Europa desse ano.

A minha opinião em relação a notoriedade "curta" de JVP estão bem explícitas no post...